A fibromialgia é uma síndrome que impõe uma dor crônica amplificada, fadiga debilitante e uma rigidez muscular que mimetiza um estado de “enferrujamento”. Sua complexidade vai além de uma causa única, sendo compreendida por meio de disfunções metabólicas que afetam diretamente a energia e a função muscular.
As Vias Metabólicas Disfuncionais na Fibromialgia
A fibromialgia é um mosaico de disfunções bioquímicas que contribuem para seus sintomas. Entre as principais vias metabólicas e bioquímicas envolvidas, destacam-se:
- Disfunção Energética (ATP e Mitocôndrias): Observa-se um metabolismo aeróbico comprometido no músculo, indicando que as mitocôndrias (as “usinas de energia” das células) podem ser ineficientes na produção de ATP. Isso se reflete em níveis reduzidos de ATP e fosfocreatina, além de um estresse oxidativo mitocondrial que danifica estruturas e compromete a geração de energia.
- Metabolismo de Neurotransmissores: Há alterações nos sistemas de neurotransmissores como serotonina e noradrenalina, cruciais na modulação da dor, humor e sono. Níveis elevados de glutamato no cérebro também podem amplificar a dor devido à hiperexcitabilidade neural.
- Metabolismo de Cálcio e Magnésio: Disfunções no manejo do cálcio intracelular contribuem para dor e rigidez muscular. A deficiência de magnésio, um cofator essencial, pode agravar a disfunção energética e a sensibilidade à dor.
- Inflamação e Citocinas: Embora não seja uma doença inflamatória clássica, a fibromialgia pode apresentar inflamação de baixo grau e alterações em citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para a dor e fadiga.
- Metabolismo de Aminoácidos e Peptídeos: Alterações nessas vias também podem estar presentes.
A Sombra do Rigor Mortis na Fibromialgia
A relação da fibromialgia com o rigor mortis muscular (rigidez cadavérica) não é que a fibromialgia o cause em vida, mas sim que compartilha um princípio fundamental: o problema com a energia (ATP) e a função muscular. No rigor mortis, há um esgotamento total de ATP, que impede o relaxamento muscular. Na fibromialgia, a questão é um déficit relativo ou uma utilização ineficiente de ATP, levando à fadiga e dor, como se os músculos estivessem em constante “crise energética”, impedindo o relaxamento adequado e contribuindo para a rigidez. Além disso, o acúmulo de metabólitos, como o ácido lático, pode contribuir para a dor e fadiga.
O Controle Motor: A Decussação Rubro-Espinhal
Para entender nossa hipótese, é crucial compreender a decussação dos fascículos rubro-espinhais no mesencéfalo. Essa via motora se origina no núcleo rubro e cruza para o lado oposto do corpo, controlando músculos flexores e modulando o tônus muscular, essencial para movimentos finos e postura.
Nossa Hipótese Integrada: A Teia que Leva à Rigidez e Espasmos
Propomos uma interligação complexa através das dicas de Sigmund Freud e seu método que nunca foi uma pseudociência que pode explicar a rigidez e os espasmos na fibromialgia:
- Deficiência de Ferro e Desequilíbrio de Neurotransmissores: A deficiência de ferro, um elemento vital para a função neuronal, pode impactar o núcleo rubro. Essa deficiência pode levar a alterações nos sistemas de neurotransmissores, com uma diminuição da dopamina e um possível aumento do glutamato no Sistema Nervoso Central (SNC).
- Comprometimento do Equilíbrio Colinérgico e Via Motora: Esse desequilíbrio de neurotransmissores, caracterizado pela baixa dopamina, pode afetar o equilíbrio colinérgico e a modulação de vias motoras descendentes, como a rubro-espinhal. Isso comprometeria o controle da flexão e, consequentemente, do tônus muscular.
- Rigidez e Espasmos Tipo Rigor Mortis: Em um cenário de fibromialgia, onde a disfunção na produção e utilização de ATP e o estresse oxidativo já estão presentes, esse descontrole na modulação do tônus e a dificuldade de relaxamento podem se manifestar como a rigidez e os espasmos musculares característicos. Estes, em certa medida, lembram a fisiologia do rigor mortis (na falha de relaxamento muscular devido a problemas energéticos e de regulação).
Em síntese, nossa hipótese tece uma rede de conexões plausíveis: a deficiência nutricional (ferro), os desequilíbrios de neurotransmissores (dopamina, glutamato, acetilcolina), as vias motoras (rubro-espinhal) e o metabolismo energético (ATP) se interligam para explicar a rigidez e os espasmos na fibromialgia. Embora cada componente tenha suporte na literatura, a interligação causal completa e direta de todos esses elementos em um paciente individual com fibromialgia ainda requer estudos aprofundados e análises clínicas específicas. Esta é uma linha de raciocínio inovadora para pesquisa e abordagem clínica.
